terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Tique. Taque.



Esse texto foi escrito como presente de um amigo secreto, por tanto, ele é pra Flávia Amaral e só pra ela. (:
Além disso, tenho que agradecer a Rai porque vixe, não ia saber o que fazer sem a ajuda dela, obrigada por me dar tantas dicas, sogrinha <3
E a foto é minha também, tudo original aqui. o/ (tirando a Alice -q)





O relógio continuava com aquele seu tique-taque irritante e incansável, sem nunca parar. Ora, mesmo depois dela desejar tantas vezes que ele quebrasse e simplesmente emudecesse. Era um grande atrevido aquele relógio, isso sim, queria era ser maior que todos os outros sons, mas coitado, era tão baixinho que pra recompensar não parava nunca.

Continuava sempre. Tique. Taque. Tique. Taque. Tique. Taque.
Tique.

E foi entre um desses barulhinhos infernais que ela o viu. Ali, parado a sua frente apenas esperando ser notado. Esperando que sua criadora enfim voltasse sua atenção para ele, que esquecesse o maldito relógio e olhasse logo para ele. E ela finalmente olhou.

– Ah, até que enfim eu mereço um pouco de sua ilustre atenção, Flávia. – foram suas primeiras palavras, ou pelo menos as primeiras que ela percebeu.

Em resposta houve apenas um olhar confuso, como que pensando: Ora, quem é essa tal de Flávia que ele se refere? E só, nenhuma palavra, ela apenas desviou o olhar novamente para o relógio.

– Não me venha com mais uma sessão de relógio, por favor. É com você mesmo que estou falando. – agora seu tom transparecia alguns sinais de nervosismo.
– Como pode estar falando comigo quando chama por um nome que não me pertence? – ela enfim falou.
– Ah, sim. Como pude me esquecer? É Alice, não é?
– Exato. – sua pequena afirmação estava carregada por um tom um tanto quanto alucinado. – E você é?
– Ora, ora. Minha cara, se você fosse mesmo Alice saberia muito bem quem sou. Sou o Valete de Copas, mas você pode me chamar de Jack.
– Jack. – ela pronunciou aquela palavra como se fosse a mais poderosa entre todas que existiam no dicionário, seus olhos castanhos por um momento vagando pelo quarto como que em busca de uma lembrança perdida entre um Tique e outro Taque.

O Valete apenas esperou, deu o tempo que ela precisava para que lembrasse, ou ao menos o tempo que ele considerava o necessário. Flávia continuava admirando o quarto com seu olhar perdido, tentando enxergar algo além daquelas paredes brancas e sem graça.

Tique.

Ela piscou uma vez como se de repente algo fizesse sentido dentro de sua mente.

– Jack. – agora sua voz foi carregada de amor.
– Não querida, infelizmente, não esse Jack. O Jack que você amou não existe mais, ele é o motivo de você estar aqui. Tente se lembrar, esse é o motivo de eu estar aqui.
– Jack. – na terceira vez a palavra saiu acompanhada de uma lágrima.

Ele aproximou-se dela, sentou no canto da cama e passou os dedos delicadamente pelo rosto de Alice, enxugando sua lágrima.

– Alice, não chore. Que tal um pedaço de torta? Será que te fará mais feliz?
– Não, obrigada. – ela sorriu pelo gesto de carinho.
– Você se lembra dele? Preciso que se lembre, assim finalmente poderei libertar você e também todos do meu reino, os quais estão presos aqui junto comigo.

O Valete continuava com sua mão no rosto da garota, vendo que ela hesitava em responder, aproximou-se de seu rosto lentamente.
Flávia sentiu sua respiração calma e o olhar perdido voltou-se para aquele rosto, parou um instante na cicatriz desenhada em torno de seus olhos cada vez mais próximos. Tempo necessário para que sentisse seus lábios se encontrando.
Ela fechou os olhos e aproveitou a firmeza daquele beijo repentino. Sua pele era fria, tanto os lábios como a mão que segurava seu rosto.

– Acorde, querida Alice. – ele falou ainda muito próximo dela, fazendo com que ela respirasse seu hálito doce.

E então ela se lembrou realmente de seu Jack, aquele que havia amado e que não estava mais com ela. Lembrou-se de ter sido levada para aquele quarto branco, para perder-se completamente.
Abriu os olhos, finalmente desperta, mas ele já não estava lá. O Valete havia se despedido com aquele toque de lábios, e havia também trazido-a de volta.

– É Flávia, não Alice. – ela respondeu para a lembrança dele que ainda vivia entre as paredes brancas, acreditando que suas palavras pudessem encontrá-lo como um gesto de despedida e de agradecimento.

3 comentários:

  1. Lindo loira, tem alguma ligação com alice no pais das maravilhas? Gostei, quero mais, e voce anda roamntica ein? curti o beijo.

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  2. tipo um quarto d loucura, muito bom, fiquei imaginando a cena, o relógio, o quarto( A PRINCIPIO IMAGINEI PAREDES DE AVENARIA e madeira...mas dai veio "paredes brancas),tudo ótimo nesse texto,(sem ser puxa saco)
    eu literalmente quero mais

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  3. Diones, sim, a Alice em questão é Alice do pais das maravilhas mesmo. Obrigada (:

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