quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os olhos de F.




You're my head and you're my heart
No Light, No Light – Florence and the Machine

Ela abriu os olhos no quarto que se iluminava com o amanhecer, assustada, em sua mente ainda pairava as últimas palavras de Felipe, o garoto que ela chamaria de misterioso por um bom tempo. E mais do que as palavras, ela ainda podia ver aqueles olhos tão negros, como se fossem impossíveis de esquecer.
Tudo parecia como num sonho, ele poderia ser um sonho. Mas Vivian nunca acreditaria nessa versão, ela ainda se lembrava do toque suave daqueles lábios em sua pele, e aquilo nunca poderia ser aceito como um simples sonho, afinal, ele mesmo dissera que às vezes a vida podia ser dessa forma.
Não, ele era real. Disso ela tinha certeza.
Queria apenas poder vê-lo mais uma vez, continuava acordando com aquela imagem presa dentro de sua mente. Até mesmo pensou tê-lo visto certo dia do outro lado da calçada.
Sentia como se ele precisasse encontrá-la. E talvez realmente precisasse. Também queria saber porque o garoto teve que ir embora tão rápido naquele primeiro encontro, e como ele sabia seu nome.
E foi em meio a esses devaneios que Vivian ouviu a campainha soar, aguda e irritante como sempre.
Era um pacote marrom. A ruiva abriu sem imaginar o que poderia haver dentro dele, e então se surpreendeu e deixou-se cair sentada no sofá. Dentro do embrulho estava com porta-retrato com a foto dos olhos de Felipe, e neles o reflexo dos fios ruivos que ela possuía. Provavelmente uma montagem, muito bem feita e real.
Junto também estava um bilhete.


Doce e querida Vivian,

Sei que deve estar confusa e quero acreditar que sente minha falta tanto quando eu sinto a sua. Perdoe-me por me despedir tão cedo naquele dia em frente ao lago, mas acontece que quando se espera demais, o encontro acaba sendo um tanto forte demais para durar muito.
Além do mais, dizem que as primeiras impressões são as que ficam, e embora eu não acredite totalmente nisso, a minha tinha que ser assim como foi.
Peço desculpas também se te deixei confusa, nunca foi minha intenção, mas preciso que entenda meus motivos. Caso esteja se perguntando se aquilo foi realmente real, é claro que foi, e por isso te mando esse presente, para que não se esqueça de mim.
Não posso te ver agora, e nem explicar o porquê disso tudo. Espero que me compreenda.

Com carinho.
F.


Vivian leu a carta e uma expressão confusa instalou-se em sua face. Não queria admitir que se incomodava com aquela situação, não queria admitir também que sentia falta dele, afinal, ela mal conhecia aquele rapaz.
E acima de tudo, não queria se apaixonar por ele. Já havia vivido alguns casos antes, e a confusão nunca era um bom complemento para o amor. Pelo contrário, costumava ser uma inimiga.
Estava disposta a esquecê-lo e fingir que fosse um sonho irreal. E talvez conseguisse convencer-se disso. Talvez.

3 comentários:

  1. tipo então... poe a historia tooodaaaa

    ResponderExcluir
  2. "Não posso te ver agora, e nem explicar o porquê disso tudo. Espero que me compreenda."

    Nao. Ela nao compreende, eu nao compreendo, ninguém compreende. u_u
    Claro que eles podem se ver. E podem ficar juntos também <3

    "Estava disposta a esquecê-lo e fingir que fosse um sonho irreal. E talvez conseguisse convencer-se disso. Talvez."

    Um talvez que significa nao, assim espero. Eles TÊM que ficar juntos *-*

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. SUHASUAHSUAHSUHA, o F. é um serzinho confuso demais, ele é cheio de segredos que não conta nem mesmo pra mim. =/ Ninguém compreende, é. x_x. E é, a sua análise do talvez pode estar certa, mas tem uma parte desse trecho que é real mesmo. hm.

      Excluir