domingo, 28 de outubro de 2012

O Futuro do País


Para todos, e para ninguém.




É engraçado como todos falam que os jovens são o futuro da nossa nação, engraçado, porém ainda real, eles de fato o são. Contudo, a questão é: o que será que essa geração está guardando em baixo da manga para esse tal de futuro que parece nunca chegar?
Ora, parece estranho pensar sobre isso? Não é, vejam só o que está geração faz – talvez como tentativa de adiar o futuro – na época atual. É preciso que eles sigam um padrão, pois sem isso se tornam chatos, responsáveis, e por que não dizer, adultos demais. É preciso beber, é preciso beijar, é preciso aproveitar a vida sem se preocupar com os resultados que suas ações irão causar. E ai de quem se recuse a encaminhar seus atos por essa trilha pré-determinada.
Ah, sim, é preciso seguir o padrão da irresponsabilidade. Está é a lei vigente, não seguir regras – ou pelo menos não as regras que não são feitas por eles mesmos.
Então, garota, se vista com sua saia mais curta, seu salto mais alto, e não se esqueça de fantasiar-se de maquiagem. E claro, um sorriso no rosto para provar a qualquer um que sua vida é perfeita e que assim como todos, você não se importa com nada.
Então, garoto, seja mesmo um canalha, critique todas as garotas por se oferecerem e corra atrás de todas, fique bêbado, muito bêbado, assim você conseguirá ficar com as feias também – feias segundo os adjetivos atribuídos pela sociedade, mas ainda assim, feias.
E assim vamos seguindo, esperando que a próxima geração faça do país algo melhor. Que faça dele algo diferente do que os tais políticos absurdamente corruptos fazem, dos quais eles tanto reclamam.
Ou melhor, esperando que a próxima geração venha, porque dessa é melhor não esperar muito.

sábado, 13 de outubro de 2012

Um abraço para V.



Keep me in your memory
Leave Out All The Rest – Linkin Park

Ele apenas esperava pelo momento em que ela fechasse os olhos, pelo momento em que ela entrasse em seus sonhos. Felipe observava pacientemente, tudo estava preparado e aguardando sua chegada, os sonhos já estavam forjados há muito tempo.
Afinal, ele nunca poderia esquecê-la.
O vento soprou forte e junto com ele Vivian chegou, seus fios ruivos açoitando o próprio rosto, a feição surpresa que o moreno tanto apreciava. Ah, como ele adorava aquela sensação de deixá-la sempre curiosa, aquele modo como apenas ela o enxergava – como se estivesse envolto num véu de mistérios. E como ao mesmo tempo odiava as repostas que um dia teria que dar a ela, como odiava seu próprio modo de ser, como odiava fazê-la conviver com tantas dúvidas.
Felipe caminhou até ela sem se preocupar em esconder-se, apenas permitiu que seus passos o conduzissem para um abraço que desejava já há algum tempo. Já há muito tempo.
Seus braços apertaram o corpo frágil da garota, livrando-a de qualquer pensamento que pudesse magoá-la, pelo menos naquele momento. Um abraço que era como um pedido de perdão pelas dúvidas que obrigava Vivian a encarar, pelos sentimentos que sabia que estava despertando nela, aqueles que ela simplesmente tentava evitar.
Deixou seu rosto apoiado ao ombro da ruiva, sentindo a respiração ofegante dela em sua pele por alguns instantes. Afastou-se então e acariciou sua face com os dedos, a pele dela era fria, como sempre, oposta à temperatura da dele.
O rosto de Vivian era apenas dúvida. Nenhuma palavra saia de seus lábios entreabertos.

– Desculpe-me pela carta. – ele finalmente falou.
– Senti sua falta. – a voz dela era doce.

Felipe encarou Vivian tentando decidir o certo a fazer, tentando conviver com aquele impasse que apenas ela era capaz de produzir. A dúvida entre o que ele queria e o que ele devia.
Ele aproximou-se dela mais uma vez, deixando-a sentir o calor que emanava de seu corpo. Levou os lábios até seu rosto, deixou um beijo um pouco acima daqueles olhos tão verdes.

– Acredite, também sinto a sua, mas preciso ir.
– Mas você disse que eu podia encontrá-lo sempre que desejasse. – a reposta veio quase desesperada.
– E pode, apenas não sabe ainda como fazê-lo.

Vivian fechou os olhos e suspirou, tentando decidir se tinha raiva ou não daquele garoto. E antes de chegar a uma conclusão, antes de abrir os olhos e vê-lo mais uma vez, ele já não estava lá.

– Não se esqueça de mim. – foram suas últimas palavras naquele encontro.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sobre (ir)realidades



Para Lisa, porque ela sempre me faz escrever, porque ela me inspira, porque ela merece. E claro, porque realmente tento ser uma mãe pra ela. Te amo, minha monstrinha.



Porque ouvi dizer que os romances são mentiras.

Ora, é tão comum falarem que as histórias dos livros ou filmes são irreais, ilusórias, que não se deve acreditar nelas. “Contos de Fada” é o que dizem. Todo o tempo. Mas sabe de uma coisa? Não acredito que alguém seja capaz de escrever algo totalmente inventado, totalmente fora da realidade, totalmente uma mentira.
Sim, não acredito nem um pouco. Afirmo por mim, pelo meu mundo e por todos os personagens que encontro ao meu redor, aqueles os quais eu conheço. Tanto pelos que vejo em mim, como também pelos que visualizo em amigos. É tão fácil relacioná-los aos seus donos – ou talvez eles é que sejam os donos.
Não há como ser uma simples invenção, porque as palavras surgem de dentro do criador, de acordo com sua vivência. Até mesmo por isso é que cada um tem um estilo próprio. Então quando vejo um poema apaixonado, ou um romance romântico, cheio de declarações e citações bonitas, eu acredito em parte neles.
E cuidado, não se engane. Em nenhum momento falei que eles são um retrato perfeito da realidade. Não coloque em minha boca palavras que não escrevi, é claro que não é assim o tempo todo, é claro que podem existir momentos de decepções, discussões, brigas. A vida não é perfeita. Estou apenas dizendo que podem existir também os momentos românticos, as declarações e as citações.
As pessoas escrevem com base no que elas conhecem. Inventando um pouco, misturando um pouco, tirando um pouco, mas ainda assim, não deixando de ser uma mistura de realidades, das suas realidades.

É simples, acredito no amor. Nem que seja apenas o meu amor.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os olhos de F.




You're my head and you're my heart
No Light, No Light – Florence and the Machine

Ela abriu os olhos no quarto que se iluminava com o amanhecer, assustada, em sua mente ainda pairava as últimas palavras de Felipe, o garoto que ela chamaria de misterioso por um bom tempo. E mais do que as palavras, ela ainda podia ver aqueles olhos tão negros, como se fossem impossíveis de esquecer.
Tudo parecia como num sonho, ele poderia ser um sonho. Mas Vivian nunca acreditaria nessa versão, ela ainda se lembrava do toque suave daqueles lábios em sua pele, e aquilo nunca poderia ser aceito como um simples sonho, afinal, ele mesmo dissera que às vezes a vida podia ser dessa forma.
Não, ele era real. Disso ela tinha certeza.
Queria apenas poder vê-lo mais uma vez, continuava acordando com aquela imagem presa dentro de sua mente. Até mesmo pensou tê-lo visto certo dia do outro lado da calçada.
Sentia como se ele precisasse encontrá-la. E talvez realmente precisasse. Também queria saber porque o garoto teve que ir embora tão rápido naquele primeiro encontro, e como ele sabia seu nome.
E foi em meio a esses devaneios que Vivian ouviu a campainha soar, aguda e irritante como sempre.
Era um pacote marrom. A ruiva abriu sem imaginar o que poderia haver dentro dele, e então se surpreendeu e deixou-se cair sentada no sofá. Dentro do embrulho estava com porta-retrato com a foto dos olhos de Felipe, e neles o reflexo dos fios ruivos que ela possuía. Provavelmente uma montagem, muito bem feita e real.
Junto também estava um bilhete.


Doce e querida Vivian,

Sei que deve estar confusa e quero acreditar que sente minha falta tanto quando eu sinto a sua. Perdoe-me por me despedir tão cedo naquele dia em frente ao lago, mas acontece que quando se espera demais, o encontro acaba sendo um tanto forte demais para durar muito.
Além do mais, dizem que as primeiras impressões são as que ficam, e embora eu não acredite totalmente nisso, a minha tinha que ser assim como foi.
Peço desculpas também se te deixei confusa, nunca foi minha intenção, mas preciso que entenda meus motivos. Caso esteja se perguntando se aquilo foi realmente real, é claro que foi, e por isso te mando esse presente, para que não se esqueça de mim.
Não posso te ver agora, e nem explicar o porquê disso tudo. Espero que me compreenda.

Com carinho.
F.


Vivian leu a carta e uma expressão confusa instalou-se em sua face. Não queria admitir que se incomodava com aquela situação, não queria admitir também que sentia falta dele, afinal, ela mal conhecia aquele rapaz.
E acima de tudo, não queria se apaixonar por ele. Já havia vivido alguns casos antes, e a confusão nunca era um bom complemento para o amor. Pelo contrário, costumava ser uma inimiga.
Estava disposta a esquecê-lo e fingir que fosse um sonho irreal. E talvez conseguisse convencer-se disso. Talvez.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Sonho de V.


F. e V. surgiram em minha mente é provavel que eles apareçam por aqui de vez em quando. Principalmente enquanto ainda estão aqui fesquinhos na minha mente. E ofereço esse à Dine, porque eles me fazem lembrar dela. 


How could you be so cold as the winter wind... 
Heartless – The Fray


Seus olhos pareciam explorar a paisagem de forma desesperada, buscando entender onde estava e como fora parar naquele local. O sol brilhava forte e o ar era quente, ao contrário de seu coração. Um coração que ela evitava pensar, cheio de sentimentos que ela fingia esquecer, fingia não se importar.
Os passos eram como um movimento instintivo, os detalhes iam passando por sua visão sem que Vivian realmente reparasse neles. Ela apenas fingia reparar. Fingia assim como sempre fazia, em quase todos os momentos. Quase todos.
A mente da garota continuava longe, distraída. E assim ficou até finalmente vê-lo. Ele estava de costas, aparentemente olhando para o grande lago azul a sua frente, o qual era cheio de estranhos reflexos. Seus passos continuaram até se aproximar o bastante para que o rapaz notasse o barulho das folhas sob seus pés.
Ele virou-se devagar, revelando os olhos escuros e os traços misteriosos que compunham sua feição. Sua expressão era apática, o olhar incerto – ao menos até que encontrasse os olhos verdes daquela que o observava. Piscou como se a reconhecesse, e então tudo mudou. Agora parecia possuir um brilho por trás daquele negro que era sua íris, um semi-sorriso formou-se nos lábios. Fez uma reverência.

– Acho que era por você que esperava. – pontuou.
– Ora, como espera por alguém que nem sabe quem é, e que não conhece? – Vivian retrucou.
– Porque era a única que apareceria num lugar como esse.

Ela apertou os olhos demonstrando sua desconfiança naquelas palavras. Afinal, não havia garantia de que ninguém mais fosse até lá, em sua opinião o encontro era apenas uma obra do acaso – mesmo que aquele rosto misterioso a atraísse, não deixava de ser um acaso.

– Não esperava alguém em específico, apenas a pessoa que fosse capaz de me encontrar. – explicou antes que a ruiva pudesse perguntar.
– E por que esperava? – seu tom agora era um pouco mais amistoso.
– Pois era o que eu deveria fazer, e porque aqui tenho tempo para encontrá-la. Mas a pressa nunca é uma boa aliada da curiosidade.

A pergunta calou em seus lábios quando ele terminou a frase. Interrogações surgiam em sua mente, mas ela não poderia simplesmente continuar questionando-o como num interrogatório. Por mais que tivesse vontade de fazê-lo.

– Devo ir agora. – ele quebrou o silencio.
– Mas acabou de me encontrar e já está se despedindo? Diga ao menos seu nome.
– Imaginei que já soubesse. Felipe, e você é Vivian.

A ruiva arregalou os olhos sem entender como ele sabia seu nome, sem entender praticamente nada do que ele falava. Felipe buscou a mão da garota e levou-a aos lábios – como se fazia numa época passada – antes que ela perguntasse algo mais.

– Teremos todo o tempo para próximos encontros, me encontrará novamente se quiser.
– Como? – interrompeu.
– A vida pode ser como nos sonhos, basta desejar. – ele se despediu.